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COLLECÇÃO DOS AUTORES CELEBRES
DA
LITTERATURA BRASILEIRA


YAYÁ GARCIA


POR

MACHADO DE ASSIS


NOVA EDIÇÃO


LIVRARIA GARNIER

109, RUA DO OUVIDOR, 109—6, RUE DES SAINTS-PÈRES, 6
RIO DE JANEIRO—PARIS
1919




INDICE

CAPITULO I
CAPITULO II
CAPITULO III
CAPITULO IV
CAPITULO V
CAPITULO VI
CAPITULO VII
CAPITULO VIII
CAPITULO IX
CAPITULO X
CAPITULO XI
CAPITULO XII
CAPITULO XIII
CAPITULO XIV
CAPITULO XV
CAPITULO XVI
CAPITULO XVII




YAYÁ GARCIA




I

Luiz Garcia transpunha a soleira da porta, para sair, quando appareceuum creado e lhe entregou esta carta:

«5 de Outubro de 1866.

«Sr. Luiz Garcia—Peço-lhe o favor de vir falar-me hoje, de uma a duashoras da tarde. Preciso de seus conselhos, e talvez de seusobsequios.—VALERIA.»

—Diga que irei. A senhora está cá no morro?

—Não, senhor, está na rua dos Invalidos.

Luiz Garcia era funccionario publico. Desde 1860 elegera no logar menospovoado de Santa Thereza uma habitação modesta, onde se metteu a si ea sua viuvez. Não era frade, mas queria como elles a solidão e osocego. A solidão não era absoluta, nem o socego ininterrompido; maseram sempre maiores e mais certos que cá embaixo. Os frades que, napuericia da cidade, se tinham alojado nas outras collinas, desciam muitavez,—ou quando o exigia o sacro ministerio, ou quando o governoprecisava da espada canonica,—e as occasiões não eram raras; masgeralmente em derredor de suas casas não ia soar a voz da labutaçãocivil. Luiz Garcia podia dizer a mesma cousa; e, porque nenhumavocação apostolica o incitava a abrir a outros a porta de seu refugio,podia dizer-se que fundara um convento em que elle era quasi toda acommunidade, desde prior até noviço.

No momento em que começa esta narrativa, tinha Luiz Garcia quarenta eum annos. Era alto e magro, um começo de calva, barba rapada, arcircumspecto. Suas maneiras eram frias, modestas e cortezes; aphysionomia um pouco triste. Um observador attento podia adivinhar portraz daquella impassibilidade apparente ou contrahida as minas de umcoração desenganado. Assim era; a experiencia, que foi precoce,produzira em Luiz Garcia um estado de apathia e scepticismo, com seuslaivos de desdem. O desdem não se revelava por nenhuma expressãoexterior; era a ruga sardonica do coração. Por fora, havia só amascara immovel, o gesto lento e as attitudes tranquillas. Algunspoderiam temel-o, outros detestal-o, sem que merecesse execração nemtemor. Era inoffensivo por temperamento e por calculo. Como um celebreecclesiastico, tinha para si que uma onça de paz vale mais que umalibra de victoria. Poucos lhe queriam deveras, e ess

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